Eu tenho TOC e você?

Hey, tudo bem?

Setembro é o mês de prevenção ao suicídio, e como comunicador em formação, eu não podia deixar esse mês passar em branco. No Jornalismo, aprendemos que não se deve noticiar um suicídio, e o motivo? Ele pode ser um gatilho, ou seja, um estímulo para quem já se encontra numa situação delicada. 

Eu esperei até o final do mês para falar sobre isso, porque eu gostaria de ver se haveria alguma campanha sobre o tema, ou se iria ser impactado por alguma postagem. Mas acabei que não fui, pelo menos não nas redes sociais. Creio que um dos motivos, é que o grande foco desse ano é a pandemia e as Eleições Municipais, mas lembrando que isso não anula a importância de uma campanha sobre o assunto. Vi um vídeo da Karol Pinheiro no YouTube falando 5 coisas para não se dizer ao um depressivo, e depois que terminei de assistir, tive ainda mais certeza que precisava falar sobre isso. 

Além disso, outro motivo que me levou a querer escrever, é porque eu tenho TOC desde pequeno. Estou inserido nesse universo há muito tempo, e creio que vivenciar isso durante minha vida me possibilitou compreender certos aspectos que a sociedade deixa de lado. O Transtorno Obsessivo Compulsivo ou popularmente conhecido como TOC foi-me apresentado desde os meus 7 anos de idade, ele resolveu andar de mão dada comigo e continua até hoje ao meu lado, de vez em quando ele some, mas nunca me deixa. Vou usar do eufemismo para falar da doença (sim, é uma doença!) porque não quero trazer uma carga negativa ao texto. 

Esse mês é um reforço de conscientização à população, é uma forma de mostrar que depressão é uma doença que mata. A OMS (Organização Mundial da Saúde) busca a redução da taxa de suicídio, que é uma das principais causas de mortalidade no Brasil. Contudo, nos últimos dez anos, o Brasil tem o número de casos aumentado. Para alguns são apenas números, variáveis, que não fazem diferença alguma. A falta de empatia me assusta, e a falta desse sentimento corrói cada vez mais a população. 

Por sorte, hoje percebo que diversos assuntos que não eram tão falados há alguns anos atrás vêm sendo debatidos com mais frequência. O que de certa forma é algo positivo, já que trazer à tona esse tipo de assunto cria uma rede de apoio e uma conexão bem bacana. De outro lado, percebo também a banalização dessas doenças, hoje todo mundo parece que sente a necessidade de querer ser ansioso, querer ser depressivo, querer ter ideação suicida. NÃO! As pessoas tem que parar de ver isso de forma tão poética, não é nada legal você ter uma crise de pânico, não é divertido você não ter controle sobre as suas emoções e o seu corpo. Por isso, eu sempre reforço que esse tipo de atitude é uma ofensa para quem de fato é acometido por tal. Se vangloriar de algo que você não tem e usar isso como pretexto, só desvaloriza a luta incessante e diária de quem sofre de fato com ansiedade e depressão. 

Eu resolvi me abrir e falar sobre o que tenho, porque isso faz parte de mim, e hoje, não tenho vergonha de falar que faço terapia e que tomo remédio psiquiátrico. Infelizmente aconteceu, e que bom, que hoje consigo lidar de uma forma melhor com o assunto. Ademais, é uma forma de dizer que você que está aí do outro lado, buscando algum tipo de informação, saiba que com ajuda profissional você consegue sim ter uma qualidade de vida muito melhor.

O CVV (Centro de Valorização à Vida) presta um suporte de atendimento se você estiver numa situação vulnerável. O número deles é o 188, e caso você precise de ajuda, não hesite em contactá-los. Além disso, crie uma rede de apoio, sempre tenha um ou dois amigos, que em crises ou momentos de aflição você possa falar e assim, estabilizar um pouco do que você está sentindo. 

E, mais um lembrete, você não está sozinho(a) nessa jornada 🙂

 

Atenciosamente,

Nataniel Totti